
NICOTINA
Toxicidade aguda
A dose letal por via oral em humanos é provavelmente menos do que 5 mg/kg. Supõe-se que a ingestão de 40 a 60 mg de nicotina é letal para os humanos. Não há dados toxicológicos acerca da inalação para fundamentar a concentração de nicotina imediatamente perigosa para a vida ou saúde (IPVS). Portanto, a concentração revista IPVS para a nicotina é de 5 mg/m3 com base nos dados de toxicidade oral aguda em humanos e animais.
Intoxicações e mortes por ingestão de nicotina em seres humanos, devem-se principalmente a pesticidas contendo nicotina. O envenenamento por nicotina provoca náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia, dores de cabeça, sudorese e palidez. Em casos mais graves o envenenamento leva a tonturas, fraqueza e confusão, evoluindo para convulsões, hipotensão e coma. A morte nestes casos deve-se geralmente à paralisia dos músculos respiratórios e/ou insuficiência respiratória.
A exposição dérmica a nicotina também pode levar à intoxicação. Tais exposições têm sido descritas após o contacto com inseticidas contendo nicotina na pele ou na roupa e, como consequência de contato ocupacional com folhas de tabaco. Intoxicação aguda pode ocorrer em crianças após a ingestão de materiais de tabaco.[1]
Toxicidade crónica
O tabagismo provoca doenças cardiovasculares, DPOC, cancro, úlcera péptica e distúrbios no sistema reprodutor.
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Sistema Reprodutor
Gravidez e lactação
Fumar durante e após a gravidez está associado a riscos fetais e infantis, incluindo aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, descolamento prematuro da placenta, Síndrome de Morte Súbita Infantil, e um aumento das doenças respiratórias na infância, bem como possíveis efeitos cognitivos associados a dificuldades de aprendizagem.[1] [2]
Teratogenicidade
A nicotina atravessa rapidamente a placenta atingindo o feto. Diversos estudos em animais sugerem que a nicotina, pelo menos em doses elevadas, pode ter efeito teratogénico sobre o feto.
Um estudo relatou uma associação entre tabagismo paterno e a incidência de malformações congénitas.[3]
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Sistema Cardiovascular
A nicotina tem um papel importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Poderá promover a atereoesclerose, pela sua ação no metabolismo dos lípidos , aumenta o LDL (Low Density Lipoprotein) e VLDL (Very-Low Density Protein) e diminui HDL (High Density Lipoprotein), alteração na coagulação, por efeitos hemodinâmicos e/ou por lesão.
Os processos de peroxidadção lipídica e formação de radicais livres que se encontram aumentados nos fumadores, são processos associados com a patogénese da atereoesclerose.
A nicotina aumenta o ritmo cardíaco por ativação do Sistema Nervoso Simpático.[1]
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Sistema Gastrointestinal
O tabagismo é uma fator de risco para a formação de úlcera péptica, uma vez que a nicotina e os outros componentes do cigarro interferem nos mecanismos de proteção gástrica, diminuindo a secreção de bicabornato, a produção de muco e prostaglandinas citoprotetoras gástricas, podendo levar à ulceração.[1]
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Sistema Respiratório
O hábito tabágico é a principal causa da DPOC. A nicotina poderá influenciar directa ou indirectamente o desenvolvimento de enfisema em fumadores. Um potencial mecanismo para o desenvolvimento de enfisema passará, pelo aumento da expressão do gene elastase, com consequente aumento da concentração de elastase no interior da célula.[1]
[1] KARAKONJI, I. B. (2005); Facts about nicotine toxicity; Arh Hig Rada Toksikol; 56:363-371, Zagreb.
[2] https://www.acog.org/~/media/Departments/Tobacco%20Alcohol%20and%20Substance%20Abuse/SCDP.pdf
[3]"INCHEM":http://www.inchem.org/documents/pims/chemical/nicotine.htm
